Opinião: Primeira Campa à Direita - Darynda Jones

Título: Primeira Campa à Direita (Charley Davidson #1)
Autor(a): Darynda Jones
Editora: Círculo de Leitores
Páginas: 272

Sinopse:
Num enredo repleto de humor, sensualidade e mistério, Darynda Jones criou uma série de cinco thrillers de suspense erótico e escaldante que prendem o leitor da primeira à última página.
Nunca antes publicada em Portugal, o Círculo apresenta-lhe em exclusivo a autora de que todo o mundo fala: Darynda Jones. Os leitores e a crítica internacional renderam-se ao poder da escrita e do imaginário da autora americana que já arrecadou diversos prémios com a sua série Charley Davidson. Uma coleção de cinco thrillers, pontuado de sensualidade e humor, que não o deixarão indiferente.
Charley encaminha para a luz. O seu dom nem sempre é claro e linear. Por vezes, basta apontar o caminho aos que vagueiam sem aceitar a morte. Mas noutros casos, quando a morte foi violenta ou resultou de um crime, ela não consegue deixar de se envolver na busca da verdade. Por isso, alia a sua faceta de ceifeira com a profissão de detetive privado. Primeira Campa à Direita, o primeiro livro da série, coloca-nos face a uma ambiguidade constante entre o bem e o mal, entre a vida e a morte – entre o desejo de ajudar e a força maligna que sempre acompanha (e tenta) Charley, a protagonista.


Opinião (sem spoilers!):

No início do livro, é-nos logo apresentado a personagem principal, a Charley com o seu humor "negro" e uma habilidade um pouco fora do normal. A Charley é uma ceifeira negra, ou seja, consegue ver mortos, e o seu trabalho é convencer essas pessoas a atravessar para o Céu. O que não é fácil, mas em conjunto com o seu tio, que trabalha na polícia, Charley consegue acabar por descobrir o culpado dos assassinatos e com isso, concluir o caso do tio e ajudar os mortos a passar para o outro lado.
Para além desses dois trabalhos, ela também é uma detetive privada.
E neste livro, a Charley tem de resolver o assassinato de três advogados que morreram na mesma noite.
Para além de toda a história que existe por causa da morte dos advogados, ainda há mais histórias e mais trama com uma personagem que muito devagar vai aparecendo no livro, o que foi algo positivo porque não é um livro que foca simplesmente na ceifeira negra e nas tentativas que ela faz para conseguir que os mortos deixem a Terra e passem para o outro lado.

A Charley é muito sarcástica, causando-nos o riso muito facilmente, e lida muito bem com o facto de estar sempre rodeada de mortos, que não lhe dão privacidade nenhuma, e acho que isso foi muito bem feito pela autora, porque em muitos livros como este, a ceifeira negra ainda está no começo do seu "trabalho" e não sabe lidar com as coisas.
O livro é muito curto, tendo só 272 páginas e essa, é mesmo a sensação que tive depois de ter acabado o livro, de que era muito curto!
Ainda assim, gostei do livro e já estou a ler o segundo, "Segunda Campa à Esquerda".

(com spoilers!)

Uma das coisas que achei um pouco triste e que me fez ter pena da Charley, foi ler como as pessoas interagiam com ela e com o facto de ela ser uma ceifeira negra. 

Algumas, como o pai e o tio da Charley, e até a sua melhor amiga, sabiam do que ela era capaz e não se importavam, mas outras como, a sua madrasta, irmã e colegas de trabalho, tratavam-na mal por causa daqui que ela "dizia" ser, sendo que eles não acreditavam que ela realmente podia ver aquilo que dizia que via.
Isso sinceramente fez-me sentir algum desagrado por certas personagens, que talvez não sentisse se elas não fossem tão estúpidas para a Charley.

O seu à vontade com os mortos que circulavam na sua casa e que a perseguiam, foi algo que de certa maneira me chocou, tanto pelo facto de eles não lhe darem privacidade mas também porque não estava mesmo à espera que ela se sentisse tão bem com eles à sua volta. E a razão por de trás desse à vontade, era porque já tinha nascido ceifeira negra e desde pequena podia ver os mortos, o que também foi algo que me chocou um pouco, sendo que não consigo imaginar o quão difícil deve ser para uma criança de 5 anos ver alguém que mais ninguém pode ver.

O facto de os mortos verem-na como se ela fosse um farol ou como se fosse o sol, foi algo que achei um pouco ridículo, devo dizer. A cor que representa o céu é o branco e atravessar desta dimensão para lá, dá-nos a ideia que no céu as almas tem o seu "descanso" e a sua "paz", ou seja, outra vez a representação do branco, mas mesmo assim, a ideia de que quando os mortos olham para a Charley e vêem-na toda branca, a irradiar uma imensidão de luz, na minha cabeça, é um pouco estranha 

Outra coisa que não gostei muito neste livro, foi como a autora dispôs as falas pelas personagens e os nomes que lhes deu. Muitas vezes, vi-me um pouco perdida e confusa porque não sabia quem é que tinha dito o quê ou quem era quem, obrigando-me a voltar a trás (o que ainda assim, nem sempre resolveu). 

Mas o que menos gostei foi como o livro foi-se desenrolando. Sendo um livro pequeno, não esperava que muita ação acontecesse, pois iria dar uma sensação de que nada do que estava a acontecer era verdade. E foi mesmo isso que senti, que nada daquilo era realmente verdade. E essa não é uma sensação que quero ter quando estou a ler um livro.
Acho que um livro de 272 páginas não pode ter três ou quatro vezes em que a personagem principal "quase" morre (sendo sempre salva por outra personagem, apelidada como "Mauzão", que falarei daqui a pouco) e em que quase todo o livro, estava cheia de nódoas negras!
Acho que foi um demasiado para um livro tão curto. Os episódio em que Charley quase morria estavam todos muito próximos uns dos outros e isso não favoreceu a história em nada.

Agora vamos falar do "Mauzão". 
Esta personagem misteriosa que só aparecia quando a Charley mais precisava de ajuda, ou seja, quando ela quase morria (que como disse, foram demasiadas vezes). 
Um vulto que se mexia muito rápido para ser humano, ou um morto, e que era capaz de cortar a medula espinal de alguém sem mesmo lhes tocar. Que maravilha (ironia).
Esta, provavelmente, foi uma das personagens que menos gostei em todos os livros que li, mesmo depois de se descobrir que o "Mauzão" era o Reyes.
E provavelmente, a razão porque o odeio tanto deve ser porque a Charley adora-o e sente-se super atraída por ele! 
Sinceramente, não sinto que haja qualquer base de relação, ou amizade, com estas dois personagens.Nada que me faça entender o porquê da Charley gostar tanto dele e até acabar por ter relações com ele no final do livro.
Sei que o Reyes mudou a sua vida toda por causa da Charley. Veio para a Terra viver como humano, esquecendo-se de quem realmente era, e deixando para trás um pai muito irritado.
Entendo tudo isso, mas não entendo a relação deles.
Foi como se todo aquele fogo que sentem começasse do nada e acabasse por explodir depois de 2 minutos.
Não há nada na relação daqueles os dois! E espero mesmo, que a Charley não acabe com o "Mauzão".

Mas achei muito interessante toda a história por de trás da história principal. Uma história em que o Reyes é muito importante e que têm haver com o que a Charley consegue fazer, e que ainda não sabe que consegue, e o risco que ela corre por estar com o Reyes.
Estava à espera de um livro em que a história fosse só e simplesmente sobre o assassinato dos três advogados e de como descobrir quem os matou, e o facto de haver muito mais, surpreendeu-me muito e pela positiva!

E mesmo depois de todas as coisas que não gostei, achei que foi uma leitura agradável, não brilhante ou estupenda, mas agradável.
Esta opinião foi originalmente publicada em TheBooktarian em 01/09/2014.

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