Opinião: A Cidade das Cinzas - Cassandra Clare

Título: A Cidade das Cinzas (Caçadores de Sombras #2)
Autor(a): Cassandra Clare
Editora: Planeta
Páginas: 360
ISBN: 9789896570620

Sinopse:
Clary Fray só que­ria que a sua vida vol­tasse ao nor­mal. Mas o que é nor­mal quando se é um Caça­dor de Som­bras? A mãe em estado de coma indu­zido por artes mági­cas, e de repente começa a ver lobi­so­mens, vam­pi­ros, e fadas? A única hipó­tese que Clary tem de aju­dar a mãe é pedir ajuda ao dia­bó­lico Valen­tine que, além de louco, sim­bo­liza o Mal e, para pio­rar o cená­rio, tam­bém é o seu pai. Quando o segundo dos Ins­tru­men­tos Mor­tais é rou­bado o prin­ci­pal sus­peito é Jace, que a jovem des­co­briu recen­te­mente ser seu irmão. Ela não acre­dita que Jace de facto possa estar dis­posto a aban­do­nar tudo o que acre­dita e aliar-​se ao dia­bó­lico pai Valen­tine… mas as apa­rên­cias podem iludir.

Opinião (sem spoilers!):

Em comparação com "A Cidade dos Ossos", este livro melhorou muito os aspectos negativos que eu tinha achado no primeiro livro da série e consegue, dar-nos uma melhor visão do que é a vida de um Caçador de Sombras e como é todo aquele mundo paranormal, com vampiros, lobisomens, fadas, feiticeiros e demónios... e como eles interagem uns com os outros.
Também nos deixa perceber a grande rivalidade que existe entre os Caçadores de Sombras e todos os Habitantes do Mundo-À-Parte, não importando a sua raça. E conseguimos da mesma maneira perceber a rivalidade que existe entre Lobisomens e Vampiros, sendo que uns são filhos da Lua e outros da Noite e que a uns o coração ainda bate e a outros não...
"A Cidade das Cinzas" evolui imenso também na parte em que é um livro bem mais sombrio e com acontecimentos mais pesados do que lemos no primeiro livro e eu não tenho grande opinião sobre isso porque não foi uma coisa que eu gostasse ou odiasse no livro, mas acho que a série é sombria e como "A Cidade dos Ossos" não representou esse aspecto muito bem, acho que este livro consegui representá-lo, então é um ponto a mais.
No final do livro, eu não sabia como classificá-lo mas acho que mereceu a classificação que lhe dei, mesmo que o final tenha isso uma espécie de desilusão para mim.
Estou muito ansiosa para "A Cidade de Vidro" e para em outubro sair cá em Portugal, "City of Heavenly Fire".

(com spoilers!)

"A Cidade das Cinzas" começa logo a seguir a "A Cidade dos Ossos", o que eu não esperava que acontecesse, pois pensava que a autora iria dar um certo espaço de tempo a separar as duas obras, até para as personagens "relaxarem" da batalha com o Valentine e não estarem tão esgotadas como estavam no livro.

O livro começa com uma cena entre o Valentine e um jovem feiticeiro que está a invocar um demónio, o Agramon, a mando do Valentine.
Esse demónio é o demónio do medo pois, ele transformasse no pior medo do seu alvo até provocar a morte do mesmo. O Valentine convoca-o para que ele o possa ajudar no seu plano maléfico contra a Clave, mas nesse ponto nós não sabemos qual é o plano dele.

Depois aparece uma cena entre o Alec, o Jace e a Isabelle e é nos apresentado uma nova personagem, a Maryse, que é a mãe do Alec e da Isabelle.
Ela expulsa o Jace do Instituto porque diz que não acredita que ele não soubesse que era o filho do Valentine durante todos os anos que viveu com eles e ela também acredita que ele só está no Instituto para expiá-los para o Valentine.
O Jace fica completamente fulo e sente-se traído pela "sua mãe" não acreditar na sua palavra e expulsá-lo da única casa que ele têm, mas mais tarde descobre-se que ela só fez isso para que o Jace estivesse bem longe do Instituto quando a Inquisidora chegasse.
E essa é outra personagem nova que aparece na história.
A Inquisidora chama-se Imogen Herondale. É ela que investiga todos os Nefelins para a Clave, a fim de descobrir se eles estão a mentir ou a dizer a verdade sobre alguma coisa.
E quando se descobre que o Jace é filho do Valentine, a Clave tem todo o interesse em saber se o Jace tem alguma coisa a ver com os planos do pai.
Mas a Maryse conseguiu com que o Jace estivesse bem longe daquela mulher, certo?
Errado, ele volta para o Instituto e irrita a Inquisidora (que já o odiava antes só por ser filho do seu pai) e assim, é mandado para uma cela na Cidade Silenciosa.

A Cidade Silenciosa é onde aprisionam os piores criminosos, desde Caçadores de Sombras que assassinaram outros Caçadores de Sombras, a Vampiros impiedosos e por ai fora... podemos concluir que não é um lugar agradável para se passar a noite.
Quem guarda a Cidade Silenciosa são os Irmãos Silenciosos, que já nos foram apresentados no livro anterior e até houve algumas cenas entre Jace, Clary e o Irmão Jeremiah.
E eu gostava dele, estranhamente. É verdade que eles eram super estranhos, que se auto-mutilavam, não tinham olhos e que os seus lábios eram cozidos, mas eu sentia um pequeno afeto pela personagem, até porque eram esses Irmãos que guardavam os Instrumentos Mortais.
Então imaginem a minha cara de choque, quando estou a ler aquelas cenas horríveis do Jace na prisão, pois ele não merecia nada daquilo e ele é um dos meus personagens preferidos, e é então que o Irmão Jeremiah caí morto mesmo à frente da cela do Jace com uma expressão de puro medo. O que? Como assim?
Os Irmãos Silenciosos não sentem medo e são uns dos mais poderosos Caçadores de Sombras, então como é que isto aconteceu? Agramon.
Valentine rouba o segundo Instrumento Mortal e foge, deixando Jace na prisão a sofrer.
Mas felizmente, Clary, Alec e Isabelle vão lá e resgatam-o.

A partir dessa parte, a história vai-se desenrolando a fim de descobrir o que o Valentine pretende fazer com os dois Instrumentos Mortais e como impedi-lo.

Agora passamos às partes que mais gostei e não gostei, e o porquê.
Uma parte que adorei no livro, mas que ao mesmo tempo me deixou um pouco aflita, foi quando o Simon foi mordido e tinha de ser enterrado para depois voltar como um vampiro.
Quer dizer, eu já sabia que o Simon ia-se transformar num vampiro por causa do filme de "A Cidade dos Ossos", e se isso não aconteceu no primeiro livro, iria acontecer num dos próximos, mas... aquela cena!
Isso sim, foi uma cena complicada de ler.
As minhas emoções estavam ao rubro, porque mesmo que eu não tivesse gostado muito dele no primeiro livro, agora estava a começar a gostar e depois bum! Simon torna-se vampiro!
Já para não falar que no final do livro, descobrimos que o Simon consegue andar na luz solar sem que seja completamente carbonizado! O que é algo que mais nenhum vampiro consegue e que me chama muito a atenção! Preciso mesmo de saber o porquê. (Já disse que estou ansiosa para "A Cidade de Vidro"?)

Mas uma parte engraçada, é que toda a gente continua a chamá-lo de mundi, como antes chamavam para o insultar.
E gostei de ver a aproximação entre o Jace e o Simon, mesmo que eles achem que ainda não sou amigos por já terem salvo a vida um ao outro umas cinquenta vezes!

Algo que irritou muitos leitores e também a mim, foi a "relação" do Simon e da Clary. Quer dizer, aquilo foi tão estúpido! Num minuto eles estão ao beijos e no outro, o Simon já está a chamar a Clary de "sua namorada". Nem lhe perguntou se ela queria namorar com ele, foi simplesmente supondo que depois de uns beijinhos, eles finalmente namoravam. Mas a parte que mais me irritou, foi a Clary não fazer nada sobre isso. Deixou o pobre do Simon ficar com esperanças e dizer a toda a gente que namoravam, porque essa era uma maneira de manter o Jace afastado dela. Não gostei.

Mas neste livro descobre-se, que a Clary tem o dom "das palavras que não podem ser pronunciadas", ou seja, pode criar novas runas.
Enquanto que o Jace tem o "próprio dom do Anjo", e consegue saltar de prédios de 3 andares e fazer coisas que outros Caçadores de Sombras não podem. E essas vantagens, ajudaram-os a impedir o Valentine de fazer o que queria e acho que ainda vai ajudá-los mais nos próximos livros.

E um problema que tive no primeiro livro da série foi que não consegui compreender nem ligar-me a algumas personagens, como o Simon, a Isabelle e o Alec porque eles não apareciam muitas vezes e quando apareciam não se conseguia entende-los muito bem, o que felizmente mudou neste livro, pois essas personagens apareceram muito mais, tiveram mais destaque e consegui ligar-me melhor a elas.

A razão pela qual não apreciei o final do livro foi por causa da última cena entre o Jace e a Clary.
Desde que descobriram que eram irmãos no final de "A Cidade dos Ossos" que eles passaram "A Cidade das Cinzas" neste jogo de vai e não vai, com conversas mais íntimas em que a Clary ficava na defensiva, a dizer que não podiam ficar juntos porque eram irmãos e era errado enquanto que o Jace estava no ataque, argumentando que era como se sentiam e que podiam assumir isso para toda a gente, porque não há nada de mal em sentir o que sentiam.
E eu adoro o casal deles e sei que há algo de errado com o facto de eles serem filhos do Valentine, até porque durante o livro inteiro eu li pistas que insinuavam que algo não estava certo.

Eu gostava das conversas deles, eram cheias de fogo e faziam-me perguntar "Será que é agora que algo vai acontecer", mesmo que sempre que as imaginasse, imaginava com as personagens a jogar ao contrário, ou seja, Clary no ataque, a declarar o seu amor pelo irmão enquanto que o Jace permanecia na defensiva, a derrubar Clary e as suas ideias tolas de amor.
Mas aquela cena do fim partiu-me o coração! Quer dizer, a Clary decide parar de defender-se dos ataques de Jace e ele decide, nesse mesmo momento, ir para a defesa?! Porque foi egoísta ao achar que podiam ficar juntos só pelo que sentem e só estava a pensar nele mesmo, e não em como a relação deles podia afetar outras pessoas?!
Embora a fala que mais me destroçou tenha sido "A partir de agora, serei apenas o teu irmão"! O que?
Destroçou o coração da Clary e o meu!
Para além do mais, irmãos não se beijam como eles se beijaram quando foram ao Mundo das Fadas!
Mas pronto, vamos ver o que acontece no terceiro livro da série.

Esta opinião foi originalmente publicada em TheBooktarian em 09/07/2014.

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